REGGAE: gênero musical de origem jamaicana que conquistou os maranhenses

Ruas e praças que lembram o reggae, salão de beleza para quem gosta de se produzir com os melhores penteados afro e, claro, as ‘pedras’ que fazem sucesso com os reggaeiros, são alguns dos ingredientes que fazem do ritmo jamaicano um fenômeno entre os maranhenses, seja na capital ou nas cidades do interior. 

O Reggae é um gênero musical que tem suas origens na Jamaica. Este gênero musical nasce nos anos 60 e depois se transforma em dois subgêneros, o original, conhecido como ‘roots reggae’, e o ‘dancehall reggae’, típico dos anos 70. Normalmente este ritmo é ligado aos rastafaris, adeptos de uma religião que vê no Imperador Haile Selassie I, da Etiópia, único rei africano a governar uma nação independente na África, uma divindade conhecida como Jah, uma abreviação de Jeová, inserida no texto sagrado da Bíblia do Rei James.

O auge do reggae ocorreu na década de 1970, quando este gênero espalhou-se pelo mundo. É uma mistura de vários estilos e gêneros musicais: música folclórica da Jamaica, ritmos africanos, ska e calipso. Apresenta um ritmo dançante e suave, porém com uma batida bem característica. A guitarra, o contrabaixo e a bateria são os instrumentos musicais mais utilizados.

Por ser um ritmo que atrai multidões no Maranhão, o reggae se incorporou à cultura do Estado. Atualmente, estima-se que existam centenas de radiolas – grupos musicais que contam com DJs e grandes estruturas de som. A relação próxima da capital maranhense com o ritmo rendeu o título de Jamaica Brasileira.

As letras das músicas de reggae falam de questões sociais, principalmente dos jamaicanos, além de destacar assuntos religiosos e problemas típicos de países pobres. O reggae recebeu, em suas origens, uma forte influência do movimento rastafári, que defende a ideia de que os afrodescendentes devem ascender e superar sua situação através do engajamento político e espiritual.

Evolução do Reggae 

Na década de 1950, começam surgir os grandes nomes do reggae como, por exemplo, Delroy Wilson, Bob Andy, Burning Espear e Johnny Osbourne, e as bandas The Wailers, Ethiopians, Desmond Dekker e Skatalites. Nesta época, grande parte das rádios da Jamaica, de propriedade de brancos, se recusava a tocar reggae. Somente a partir da década de 1970, o reggae toma corpo com cantores que ganham o mundo da música. Jimmy Cliff e Bob Marley tornam o reggae um estilo musical de sucesso no mundo todo. Em 1971, a música I Can See Clear Now de Johnny Nash, assume o topo na parada musical de várias rádios na Inglaterra e Estados Unidos.

Os anos 70 (década de 1970) foi a época dos grandes sucesso do reggae. Várias músicas marcaram época e alcançaram o topo na lista de sucesso das rádios: I Shot the Sheriff  (versão de Eric Clapton), Peter Tosh com Legalize It e No WomanNo Cry de Bob Marley.

Vários cantores e bandas passam a incorporar o estilo reggae a partir dos anos 80 (década de 1980). Eric Clapton, Rolling Stones e Paul Simon fazem músicas, utilizando a batida e a sonoridade dançante e suave. Atualmente, vários cantores e bandas fazem sucesso nesse gênero musical: Ziggy Marley, Beres Hammond, Pulse, UB 40 e Big Mountain.

Reggae no Brasil

Foi na região norte do Brasil que o reggae entrou com mais força. No estado do Maranhão, principalmente na capital São Luís, é comum a organização de festas ao som de reggae. Na década de 1970, músicos como Gilberto Gil e Jorge Ben Jor são influenciados pelo estilo musical jamaicano. Na década de 1980, é a vez do rock se unir ao gênero da Jamaica, nas letras do grupo Paralamas do Sucesso.

Na década de 1990, surgem vários músicos e bandas. Podemos citar como exemplo: Cidade Negra, Alma D’Jem, Tribo de Jah, Nativus e Sine Calmon & Morro Fumegante.

Pesquisadores afirmam ser difícil definir exatamente quais os elementos que determinaram a adoção do reggae pela população maranhense, fazendo o ritmo se espalhar, por todo Estado, principalmente entre os bairros periféricos da capital São Luís. Em entrevista ao Blog Fabiana Rasta, o DJ Ademar Danilo, afirma que nessa região que envolve os estados do Pará e Maranhão, da qual São Luís é a capital, sempre houve predominância musical do ritmos caribenhos, sobretudo o merengue. Então, ele conclui que o fato do Maranhão e Jamaica terem população predominantemente negra cria uma identidade muito forte entre esses povos. Diz ele ainda, que o gosto da população negra de São Luís pelo reggae,tem a ver com um apelo emocional que ele transmite. Os cantores de reggae cantam com uma espiritualidade que bate fundo nas pessoas, o que provoca grande identidade entre São Luís e Jamaica, não sendo preciso entender o idioma para sentir esse apelo emocional.

É comemorado em 11 de maio o Dia Nacional do Reggae. Esta data foi escolhida, pois foi num dia 11 de maio que faleceu Bob Marley, o principal representante da história do Reggae. A lei que instituiu esta data foi sancionada pela ex presidente do Brasil, Dilma Rousseff em 14 de maio de 2012.

Para o jornalista Otávio Rodrigues, existe uma identificação entre o reggae e o bumba-meu-boi do Maranhão, pois a marcação dos couros do bumba-meu-boi é centrada em contratempos como acontece no reggae. Mundinha Araújo, pesquisadora da história do negro no Maranhão, diz ser o merengue, uma dança muito comum nas festas dos povoados negros do interior do estado, portanto, considerando que a população que habita as periferias da capital São Luís é formada, em geral, por grupos que migraram  das áreas rurais, há uma predisposição entre eles, para a aceitação dos ritmos caribenhos.

Uma diferença marcante com relação a Jamaica, e certamente a outros lugares onde o ritmo reggae é conhecido, está principalmente na forma de dançar o ritmo, no Maranhão o reggae é dançado tanto aos pares  quanto individualmente. Na capital maranhense, a dança do reggae adquiriu característica peculiar misturando passos do forró, do merengue e do bolero. Há ainda os que preferem criar coreografias coletivas, em que três, cinco ou mais pessoas dançam com passos coordenados.

Diante do exposto não há dúvida que o Reggae não é simplesmente mais um ritmo musical, ele é um estilo, um modo de vida, uma crença, uma plataforma social e política. Em 2018 foi criado no Maranhão o Museu do Reggae, é o primeiro museu temático de reggae fora da Jamaica e o segundo do mundo, localizado no Centro Histórico de São Luís. O museu tem como objetivo materializar as memórias do ritmo jamaicano que conquistou o Maranhão.

Fontes
http://www.suapesquisa.com/reggae/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Reggae

Blog Fabiana Rasta

REDAÇÃO / ICURURUPU