Em Cururupu fórum e seminário vai discutir políticas públicas para as populações negras e LGBT

CURURUPU – O Brasil, que possui a maior Parada LGBT do mundo, e que já foi vanguarda nas discussões em tono das questões LGBT, a partir de 2006, com o fortalecimento da bancada e agenda fundamentalistas, caiu no atraso e obscurantismo. Nenhum projeto de lei que tenha como conteúdo política voltada para as lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais avança no Congresso Nacional. E pior: nos últimos tempos com a complacência de parlamentares progressistas.

Não adianta sorrir e dizer “sou contra a homofobia”, é necessário que se apresente políticas de fato. Por exemplo, no campo da educação: de que maneira se pretende combater o “Escola Sem Partido” e colocar a questão LGBT na matriz nacional da educação de base.

De 7 a 8 de junho Cururupu será palco da maior discussão sobre políticas públicas voltadas para as populações negras e LGBT da região. Para entender as formas de luta e negociação que forçaram o Estado a reconhecer suas reivindicações e a atender às necessidades históricas da população negra e LGBT no Brasil, buscou-se referências no Movimento Negro e na organização de Mulheres Negras. Este reconhecimento muitas vezes acontece do ponto de vista legal, com a aprovação de leis. Mas para que estas sejam cumpridas e promovam mudanças, é essencial uma articulação da sociedade com os movimentos sociais.

Nesse sentido, o Instituto de Cidadania Ativa, por meio do Projeto Social Educando com Cidadania, cuja coordenação é do professor Carlos Pimentel, com apoio do ICURURUPU, irá realizar o III fórum de discussão sobre políticas públicas para as populações negras e LGBT em Cururupu e o II seminário intermunicipal e multidisciplinar em estudos, sexualidades e africanidades, ambos no mesmo período em Cururupu.

SAIBA MAIS

O município de Cururupu, situado no Litoral Ocidental Maranhense com suas culturas múltiplas, assim como os demais municípios brasileiros têm passado por um processo de silenciamento no tocante às políticas públicas e a garantia de direitos destas categorias, num momento em que as políticas do medo e as (anti) conquistas estão visíveis, mas como sempre na história é preciso confrontar esse modelo eurocêntrico imposto, recorrendo as falas da Profª, Drª Megg Rayara Gomes de Oliveira, travesti e preta, a  exemplo de  Madame, Satã que no século XX , assim como Megg no século XXI contribuíram e contribuem decisivamente para transfigurar a bicha, reconhecida culturalmente como submissa, em modo indócil de existência.

Às estratégias policiais de controle da vadiagem, Satã resistia pela viadagem, que perturbava incansavelmente o macho e sua violência constante (ZAMBONI, 2016), é a mais conhecida, a mais famosa das bichas pretas, justamente por viver numa época em que a existência de bichas nos espaços públicos era interpretada como provocação. Tornou-se, assim, visível, muito visível, especialmente para a polícia, ela representa neste evento todas as bichas pretas que se esconderam e que se escondem durante anos para sobreviverem e que recorrem ao suicídio para escapar de suas dores, senão ao menos viverem um pouco mais, será a voz das bichas que vão daqui por diante sustentar este trabalho.

Neste sentido, os militantes e pesquisadores e pesquisadoras de Cururupu usarão o evento como forma de resistência às amarras desta sociedade e entendendo que o município de Cururupu, assim como os que circundam não estão alheio a essas pautas, é preciso discutir por que a maior parte dos apenados, aqueles em restrição de liberdade, a maioria são negros e negras, por que os negros a maioria estão concentrados nas periferias, por que a população negra sempre é a que é mal vista, confundida com bandidos e mortos pela policia, é preciso discutir por que num país que se intitula laico só se discute nas escolas e nos ambientes formais algumas religiões, por que por décadas nas universidades não se via negros como se vê hoje, não se reverberava, discutia, inclusive como professor e professora, por que ultimamente às pessoas se identificam com políticos que destilam ódio, intolerância contra alguns grupos, por que cada vez mais gays, travestis, transexuais são brutalmente morto e uma parcela da sociedade não diz nada, por que o poder público em todos os poderes se calam, estes são alguns dos questionamentos que o evento pretende não apenas responder, mais principalmente, trazer ao conhecimento do grande público.

É sabido, que as classes que formatam o país se entrecruzam e relacionam seja no compartilhamento de identidades ou no imaginário simbólico descrito por sociólogos (as) e pesquisadores (as), em geral, e em meio a esta seara de informações nos posicionamos utilizando experiências vividas pelas minhas bichas em profundidade aos sujeitos que estratificam a questão em nota. Neste contexto relacional em que preexiste a falta de negociação entre as classes estando em loco à classe gay de Cururupu, cidade em que se pauta nosso olhar, muito embora tendo um legado extenso no que diz respeito à historiografia, muito pouco ou quase nada se pesquisa sobre essa cidade de quase dois século não poderia ser diferente, pois da infância somos todos sobreviventes e como dizia nosso ilustre pensador Aristóteles, a pior desigualdade que poderia existir, é querer que duas coisas diferentes sejam iguais.

PROGRAMAÇÃO

DIA 07 DE JUNHO DE 2019
Em construção

Local: Auditório da Secretaria de Saúde de Cururupu

DIA 08 DE JUNHO DE 2019
Local: Auditório da Secretaria de Saúde de Cururupu

CONFERÊNCIA DE ABERTURA:

 08:00  às 9:00 min

Profª. Drª Megg Rayara Gomes-UFPR ( Primeira Travesti Negra Doutora pela UFPR do Brasil- Doutora em Educação pela UFPR, Mestra em Educação pela UFPR, Especialista em História e Cultura Africana pela UTP-PR, Especialista em História da Arte pela EMPAB, Licenciada em Desenho pela EMBAP.

09:00 às 10:00 min

Mesa de debates 01- Direitos das minorias: as políticas do medo, retrocesso e (anti) conquistas das populações negra e LGBT

Participantes :
Profª Jessica Rodrigues, Advogada- IEMA
Profº Me. Jêibel Márcio Pires Carvalho- Mestre em História-UEMA
Conselho Estadual LGBT
E convidados…
Coordenador: Profº. Carlos Pimentel- Especialista em Direitos Humanos

10:00 às 11:00 min

ARERÊ , AGORA QUE SÃO ELAS, a inserção de viados e bichas pretas no Ensino Médio em Cururupu-MA: a linguagem como ferramenta de defesa.

Facilitador: Carlos Viana Pimentel- Especialista em Direitos Humanos, Especialista em Direito e Ética Profissional- FAVENI, Especialista em Estudos Africanos- URCA, Especialista em Língua Portuguesa, Pós-graduando em História do Maranhão- IESF.

11:00 às 12:00 h

Oficina- Secretaria Municipal de Assistência Social

12:00- Intervalo para o Almoço
14:00 às 15:00 min

Mesa 02- As políticas públicas para as populações jovem negra e LGBT em Cururupu e municípios vizinhos

Responsáveis:
Secretaria Municipal de Assistência Social de Cururupu
Equipe do CRAS e CREAS
Coordenação Municipal de Juventude de Cururupu
Coordenação de Igualdade Racial

15:00 às 16:00 min

Mesa 03 :Precarização e invisibilização da Educação e Saúde pública para as populações negra e LGBT

Coordenação: Prof. Me José Carlos Lima Costa- Graduado em Teatro pela UFMA, Mestre em Performances Culturais pela Universidade Federal de Goiás, pesquisador do GESEP- UFMA, Professor da Licenciatura em Teatro- UFMA
Titutlo: Educação, Gênero e Sexualidade: territórios de poder e discurso.
Convidados:
Secretaria Municipal de Saúde de Cururupu, Escola Cemp e Instituto Giz Digital

16:00 min 17h

Negropolitica e sub-cidadania no Brasil: a educação afrocêntrica como espaço de resistência

Profª Esp. Joyce Oliveira-  Graduada em História pela UFMA, Especialista em Política de Igualdade Racial no ambiente escolar pela UFMA e Mestranda em História- UEMA, onde é pesquisadora atuando na área do ensino de História, relações étnico raciais, currículo e educação antirracista.

17:00 h

Debates, proposições, Encaminhamento e construção da Carta às autoridades.

17:30 min

CONFERÊNCIA DE ENCERRAMENTO

Prof. Mestre Jêibel Márcio Pires Carvalho- Graduado em Letras pela UEMA, Especialista em Língua Portuguesa e Literatura e Mestre em História pela UEMA.
Titulo: ÁFRICA AFRICANA: Achados da africanidade numa perspectiva de ressignificar as contribuições na afrobrasilidade.
18:30 min- Coquetel
19:00- Parte Cultural
21:00- Encerramento

Comissão Organizadora

Prof. Esp Carlos Pimentel- Coordenador Geral
Prof. Me. Jêibel Márcio Pires Carvalho
Instituto de Cidadania Ativa

Apoio

Secretaria Municipal de Saúde de Cururupu
Secretaria Municipal de Assistência Social de Cururupu
Coordenação Municipal de Juventude

Local das inscrições

Coordenação Municipal de Juventude- 08 h as 11- das 14 às 16 h
Inscrições: Gratuitas.
Maiores informações: 985155896- Prof. Carlos Pimentel ou 984219491- Hendrick.