OPINIÃO: a importância da política, e a desnecessária existência da politicagem

Com uma definição bem simples e de fácil compreensão, podemos afirmar que a política é um exercício de poder de um homem sobre outro homem, quando se busca utilizar do poder para defender os direitos de cidadania e do bem comum, de outra forma, não deixa dúvida que a “Politicagem” são seguramente atos inescrupulosos, que visam o benefício próprio e não a coletividade, são ações de politiqueiros que querem se dar bem às custas do povo, ou seja, “Politicagem” é exatamente o contrário de Política, pois esta última, visa o bem está social e econômico de todos, em sua totalidade.

Na visão de ULYSSES GUIMARÃES, “os partidos políticos existem para alcançar o poder.”, analisando o contexto vivenciado historicamente no Brasil, e na atualidade, parece que ULYSSES GUIMARÃES tinha toda razão em sua afirmação.

Não podemos esquecer que, a falta de compreensão dessa diferença é que tem definido a postura da maioria do povo brasileiro, uma postura confusa e de escolhas equivocadas e maléficas no contexto político. Os eleitores tendenciosos e os candidatos interesseiros que são eleitos é que formam a politicagem que presenciamos nesta crise pela qual passa o Brasil, e em especial os municípios.

No Brasil, logo após a ditadura militar várias agremiações partidárias foram criadas, outros que estavam na “clandestinidade” voltaram a funcionar de forma legal. A constituição promulgada em 1988 permite em seu Art. 17, a criação, fusão, incorporação ou extinção de partidos políticos, tais entidades também são regulamentadas pela lei 9.096/95. É comum no Brasil, especialmente em grupo como WhtsApp, pessoas falarem e discutirem sobre a questão política em nosso país, alguns mais apaixonados colocam as culpas de todos os problemas vivido e vivenciando na polícia, ao passo que outros menos interessados preferem dizer que odeia o tema, uma coisa é fato, ao permanecer o sistema de organização do nosso país, o qual envolve o sistema político, não há como nos livrar do tema. 

Estamos em véspera de uma das mais impotente eleição do país, a municipal. Nessa eleição vamos escolher os vereadores e prefeitos, pessoas essas que terão a responsabilidade de conduzir de forma política os nossos municípios. Infelizmente é nesse momento que as ações das politicagens começam a aflorar, travestidas de boas intenções, essas ações tem como objetivo manter os status quo (no estado das coisas, inalterados, permanência), de pessoas no poder, uma simples entrega de um veículo, por exemplo, para o exercício de uma atividade, é motivo para passeatas e publicidade, enquanto os demais serviços agonizam nos municípios, em alguns casos os gestores ainda aparecem na direção do veículo para tentar imputar ao povo a ideia de que aquilo só foi possível devido sua vontade, e não uma obrigação constitucional, e em alguns casos, adquiridos via convênio, passando a ideia de que na verdade foi realizado com recursos próprios.

As manobras das politicagem não se limitam a enganar os eleitores, pois acontece paulatinamente nos bastidores do poder, sejam eles nacionais ou regionais carregam consigo a ganancia do monopólio para não perder sua cadeira de “dono do poder”, praticam o sistema imperial e vitalícios em suas ações políticas, detendo sempre o poder para o seu benefício.

Dizer que não gosta da política é simplesmente um reforço importante para a politicagem, pois a sua existência depende de pessoas desinteressadas com a política, e que fazem qualquer acordo para se darem bem. É necessário que tenhamos uma sociedade politizada, cidadão e convicta de seus direitos e obrigações, e não mero partícipe do processo eleitoral. O resultado das péssimas escolhas em 2016 estão se refletindo até hoje nos municípios, em sua maioria sucateados, sem serviços públicos de qualidade, por outro lado, vimos gestores auxiliares acenderem socialmente, ao passo que os chamados “povo” vivem à margem do progresso e do desenvolvimento.

Os politiqueiros por assim dizer, utilizam todos os meios para impressionarem os incautos. Poucos brasileiros são massa crítica. Infelizmente, a maioria não sabe votar, não sabe exercer a cidadania responsável. Os politiqueiros se elegem por causa dos cidadãos irresponsáveis e imaturos, que não pensam e que não têm discernimento. No ambiente da politicagem muitos se candidatam para elegerem os mais conhecidos e, assim, conseguirem uma boquinha com os que foram eleitos. É a politicagem do apadrinhamento da troca. Uma das cenas mais dantescas é o programa eleitoral nos meios de comunicação de massa. É sofrível ver. Na verdade, causa asco, nojo. Podemos perceber claramente que na politicagem a pessoa se candidata a um emprego e não a uma vocação, a uma missão ou a um compromisso inadiável e inalienável com o povo. Os salários e os benefícios são atraentes. Na politicagem, se possível, emprega-se todos os familiares e agregados.

Esse modelo de se fazer “política”, que na verdade se enquadra mesmo é na politicagem, precisa ser expurgada de nossas vidas, não basta ter boas intenções, é preciso que esta seja revertida de legitimidade popular. A politicagem faz da política um negócio, um feudo, uma sequencia lógica que passa de geração por geração e sempre mantendo os mesmos sobre nomes no poder. Nos municípios isso é mais facilmente percebido, e como o indivíduo vive é nos municípios, se faz necessário atentar para esta realidade, e buscar pessoas comprometidas, que tenha uma história para consolidar seu nome, e não apenas por ser representante de uma classe que esteja sempre no poder.

Por fim, não devemos comemorar a entrega de um veículo por paste de uma gestão por exemplo, que em alguns casos, são adquiridos de forma superfaturados, pois nem sempre esse está a serviço do povo, ao contrário, não são poucas as vezes que servem mesmo é para a permanência de um determinado indivíduo no poder. Enquanto seu município não tiver saneamento básico, educação, transporte, abastecimento, segurança, saúde, estradas…..entre outros serviços de forma universal, não há o que comemorar, pois não será um simples veículo que vai resolver os nossos problemas mais elementar. Que a política possa se sobressair frente às politicagens, porém, isso depende de cada um de nós, não esperemos essa mudança a partir dos que estão no poder.

Raimundo Nonato Pereira,

Bacharel em Direito, Especialista em Docência do Ensino Superior, Pós Graduado em Sistema Prisional, Medida Socioeducativa e Direitos Humanos, Pós Graduando em Ciências Criminais, Account Executive na WIKI TELECOM e Diretor Geral do PORTAL ICURURUPU.