Aniversário de Cururupu: 180 anos da cidade que possui características únicas

Hoje, 3 de outubro, é comemorado o aniversário de Cururupu. A maior e mais importante cidade de sua região, com mais de 32 mil habitantes, faz parte da chamada região do Litoral Ocidental do Estado, que contempla também os municípios de Apicum-Açu, Bacuri, Cedral, Central do Maranhão, Guimarães, Mirinzal, Porto Rico do Maranhão e Serrano do Maranhão. A cidade teve sua emancipação política e administrativa, sendo elevada a categoria de município em 3 de outubro de 1841, banhada pelos rios Cururupu e Liconde e, possui rica cultura, uma bela natureza para apreciar, terra fértil e águas abundantes.

Cururupu, 180 anos de emancipação política e administrativa, foi com a garra dos povos indígenas, negros e brancos que esta terra se formou e hoje, no limiar do novo século seu povo demonstra seu mais profundo sentimento de pertencimento a esta terra de raça litorânea em que o mar está na própria alma, pois, neste torrão gerações se levantam sempre a irradiar pensamentos novo. Parabéns Cururupu!

O município se estende por 1 223,4 km² e contava com 32 695 habitantes no último censo. A densidade demográfica é de 26,7 habitantes por km² no território do município.

A cidade, que celebra hoje seus 180 anos, dispõe, ainda, de belas paisagens, com características ambientais únicas, como extenso ecossistema manguezal, dunas, praias e variados tipos de solo e formações vegetais, a exemplo da Floresta dos Guarás, um pequeno ecossistema banhada pelo oceano atlântico. A floresta forma um incrível ecossistema composta por parte da Floresta Amazônica maranhense em sua flora e fauna, mangues e áreas de restingas.

O município possui também importantes Unidades de Conservação (Ucs), como a reserva Extrativista de Cururupu (Resex), considerada uma das maiores reservas extrativistas do litoral brasileiro, com quase 190 mil hectares. É difícil conhecê-la por inteiro, não só pelo tamanho, mas também pela grande distância da costa de parte de suas áreas. Em seus domínios estão diversos rios e ilhas, entre elas a dos Lençóis, por exemplo, onde existe a maior concentração de pessoas albinas do mundo.

CULTURA

Não há dúvida que a povoação de Cururupu é fruto de uma miscigenação importante, o resultado disso é um povo e uma cultura extremamente diversificada e certamente uma das mais ricas do Maranhão. Entre as manifestações culturais mais importante do município está o Bumba-meu Boi, em especial o sotaque “Costa de Mão”, originário de Cururupu.

O sotaque recebe este nome em virtude de uns pequenos pandeiros tocados com as costas das mãos. Além de roupa em veludo bordado, os brincantes usam chapéus em forma de cogumelo, com fitas coloridas e grinaldas de flores. O Boi de Cururupu é o mais tradicional. A manifestação foi elevada a Patrimônio Imaterial do povo brasileiro, um justo reconhecimento a essa cultura tão rica e importante.

ORIGENS

 Constam algumas versões e dados históricos sobre as origens da povoação das terras que hoje compreendem a região do município de Cururupu. Isto por que no passado remoto a historiografia oficial dispunha de poucos meios comprobatórios para confirmar relatos. por essa razão colocaremos para apreciação as vertentes existentes atualmente.

O primitivo território do Município de Cururupu pertenceu a dois herdeiros das famílias de Felipe Pedro Borges e João Antônio Borges Lisboa que dividiram ao máximo as terras por meio de vendas com receio que o  Governo as requeresse de volta a imensa sesmaria [sistema português, adaptado no Brasil, que normatizava a distribuição de terras destinadas à produção agrícola], que se estendia desde a ponta do Sassoitá no Município de Guimarães até  as margens do rio Turiaçu.

O distrito foi criado por meio de uma divisão territorial por força de lei provincial em 1835 dividindo a Vila de São José do Município de Guimarães em três freguesias, umas delas, deu origem ao território de Cururupu.

“O § 3º do artigo 5º da lei provincial nº 13 de 8 de Maio de 1835, o qual dividiu o termo da Vila de São José de Guimarães em três Freguesias” ( MARQUES ).

A história da povoação do Município remonta o passado primeiramente com uma população nativa primitiva descoberta nos primórdios da colonização ocidental no Brasil, consta que foram os portugueses que primeiro deram conta da existência de um povo de hábitos primitivos habitando as terras que foram destinadas para ser colonizadas para fins da implantação de uma civilização expansionista oriunda do continente Europeu com destino para o Maranhão. Os portugueses aportaram na região ocidental do atual estado do Maranhão, pela primeira vez, em 1531. Em 1534, foi dividido o território da colônia em capitanias hereditárias.

A região que compreende a cidade de Cururupu foi doada a João de Barros. Juntamente com ele, os donatários das quatro capitanias mais ocidentais da colônia tentaram, por meio de uma expedição marítima sem sucesso, colonizar as terras que lhes foram destinadas, estes, na tentativa Naufragaram.

Os portugueses encontraram muitas dificuldades em promover a colonização, o fato possibilitou as ações que favoreceram aos franceses, que em 1612 lançaram a pedra fundamental do que deveria ser a França Equinocial, no território do estado do Maranhão. No entanto, mais tarde vieram a fracassar e  foram expulsos pelos portugueses reorganizados em 1615. De acordo com Meireles (1980 in Santos 2006), a relação dos franceses com os Tupinambá teria sido mais amistosa que as dos portugueses. 

Os portugueses, após expulsarem os franceses, travaram promoveram o maior genocídio da história do Maranhão. No inicio do seculo XVII, os Governos de Jerônimo de Albuquerque e Bento Maciel Parente, promoveram lutas permanentes contra os Tupinambas que habitavam a costa maranhense culminando com a quase total extinção dos indígenas.

Em 1618 os portugueses finalmente obtêm vitória. Não se tem notícias da fundação do povoamento que deu origem a Cururupu. Lopes (1957in Santos 2006) nos fornece uma pista em sua História de Alcântara. Afirma que os municípios da capitania da Tapuitapera tiveram seus primeiros focos de povoamento em aldeias Tupinambá. O desenvolvimento de aglomerações urbanas ao redor da sede da capitania, a vila de Alcântara, fez com que a Igreja promovesse a divisão administrativa do território em várias paróquias. Sua justificativa era possibilitar um melhor atendimento aos fiéis.

Em 1758, desmembra-se a paróquia de São José do Guimarães da capitania. Tapuitapera (Alcântara). De acordo com o pesquisador nativo Manoel Goulart, ( Santos 2006) foi em 1785 que os lavradores de Cururupu pediram permissão ao vigário para erigir a primeira igreja da localidade.

A freguesia permaneceu até 1841, quando começou uma acirrada luta pela manutenção original das terras de Cururupu o desenvolvimento desta batalha, que durou vinte anos, levou inclusive o território de Cururupu à pertencer a Município de Turiaçu.

A lei provincial nº 120 ao criar a Vila determinou uma porção territorial para fins de constituição da vila, muito menor do que a que constituía a Freguesia. Na localidade da Vila que anteriormente representava a penas o centro administrativo da Freguesia, pela demarcação territorial determinada pela lei nº 120, deixava  uma porção territorial, justamente a que pertencia aos locais das fazendas onde era gerada a produção apenas como vizinhos, inclusive os que doaram as terras para a constituição da cidade ou centro administrativo e comercial. Os vizinhos que haviam construído suas relações naquele centro onde havia porto, depósitos de suas produções e mercadorias, contestaram de imediato a definição determinada na lei da província do Maranhão de nº 120.

“ Deu ao termo a mais extravagante divisão a qual tem sido por vezes alterada, sendo a que atualmente existe a pior, alem de ser constatável, porque uns entendem por um lado outros por outro, traz considerável prejuízos a vizinhança da vila, que tendo nela todas as relações comerciais e de amizade, pertencendo a freguesia, não pertencendo ao Município” (MARQUES 1870).

Nota-se pelo texto de MARQUES que a criação da Vila implicou numa divisão territorial que gerou conflito de interesses de cunho político e econômico na região.

“ Este termo tem estado em continuo movimento a respeito de seus limites; nesta freqüente mudança tem predominado, o capricho , o interesse particular e o desgraçado espírito de partido, que sempre faz escurecer o direito e o bem publico”(MARQUES 1870).

O texto de MARQUES demonstra haver um interesse particular que talvez dominasse os motivos políticos na região. Vejamos o que diz a respeito do comportamento das assembleias provinciais.

A partir de 1619 Bento Maciel Parente desenvolveu uma série de expedições militares contra essa populações na capitania de Cumã, travando sangrentas batalhas contra a tribo do principal Tupinambá Cabelo de Velha, cuja população foi dispersa e aniquilada. Após a destruição desses grupos seguiu-se a construção da estrada real ligando por via terrestre as cidades de São Luís e Belém (1661), e iniciou-se o lento processo de ocupação de território, que perdurou por todo o séc. XVIII, sendo que a partir de Alcântara e Guimarães estabeleceram os primeiros colonos nessa região, desenvolvendo a pecuária extensiva, agricultura e a instalação dos primeiros engenhos de tração animal.

No final do séc. XIX a vila de Cururupu apresentava 7 casas de sobrado, 64 casas térreas, cobertas de telhas e 170 de palha. Possuía 20 casas de negócios, uma botica e alfaiates, sapateiros, curureiros, seleiros, tamanqueiros, ferreiros, serralheiros e barbeiros. Existia na vila 1 igreja matriz, 1 capela, 1 cemitério pertencente a irmandade do Sagrado Sacramento, 2 poços públicos, 2 escolas, correio e coletoria (Amaral, 1897in Leite F°CPHNA-MA 2007).

A sede do município apresenta características de cidade histórica contendo um patrimônio arquitetônico avaliado como do tipo colonial. A zona rural é composta por comunidades tradicionais quilombolas e na região continental estão os pescadores artesanais.