Neste dia 21 de abril, relembre a história de Tiradentes e da Inconfidência Mineira

No dia 21 de abril, comemora-se o Dia de Tiradentes. O feriado faz alusão à morte do mineiro Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido na história nacional como Tiradentes, o herói da Inconfidência Mineira. Vamos relembrar essa história.

Em 12 de novembro de 1746, nascia um homem notável. Dentista, comerciante, tropeiro, militar, minerador; ocupações distintas que mostraram quão destemido ele era para sua época. Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, foi esse homem. Tiradentes não terminou sua vida apenas como ativista político, mas, sim, lutando por aqueles que eram explorados pelo preconceito enraizado de barões e patrões.

Na manhã de 21 de abril de 1792, ele foi morto enforcado em praça pública, no Rio de Janeiro. De todos os envolvidos nesse movimento de conspiração contra a Coroa portuguesa, apenas Tiradentes foi executado. Seu corpo foi esquartejado e pregado em postes pelas ruas de Minas Gerais. Apesar de alguns estudiosos defenderem que essa foi uma manobra de Portugal para desmerecer o movimento da Inconfidência Mineira e dar a entender que tudo não passou de uma aventura de um “dentista desequilibrado”, ele acabaria virando herói nacional.

Tiradentes sentiu na pele o significado literal da palavra injustiça. Hoje é lembrado, de certa forma, por causa dela, fator crucial para transformá-lo de homem a mártir. Mas, por que esses homens existiram? Por que eles abriram mão de todas as suas conquistas para lutar pelos diretos dos outros? Se você não entendeu o objetivo dessas perguntas, acredite, é por isso que mártires continuam a nascer.

No século 19, o movimento republicano o elegeu como mártir cívico-religioso e antimonarquista, fazendo prosperar as pinturas que o aproximam da imagem de Cristo. O 21 de Abril se tornou feriado nacional em 1890, logo após a Proclamação da República. Sua imagem como militar patriota foi exaltada tanto pela ditadura de 1964-1985 como pelos movimentos de esquerda, que o consideravam um símbolo de rebeldia.

Um homem obstinado, que naqueles tempos fora julgado por lutar contra a opressão e combater as injustiças – um traço que, na sociedade polarizada onde vivemos, é algo de “esquerda”, de “comunistas” e outros termos utilizados em tom pejorativo, quando este combate deve ser uma bandeira de todos – hoje é vangloriado pela coragem a ousadia de lutar contra um sistema considerado invencível, mas também falido.

Quem sabe, quando soubermos valorizar quem realmente luta pelos direitos do povo, em todas as instâncias e classes, os mártires parem de nascer.

Até lá, torcemos por mártires que possam fazer um terço do que Tiradentes fez. Torcemos por mártires que mais uma vez na história acendam a chama na população, em busca de justiça, sem violência. Pois apenas com o povo formado por cidadãos de caráter e com objetivos em comum, seremos realmente capazes de dar um fim à nossa necessidade de parir mártires.

Inconfidência Mineira

Inconfidência Mineira, ou Conjuração Mineira, foi uma revolta, de 1789, de caráter republicano e separatista, organizada pela elite socioeconômica da capitania de Minas Gerais contra o domínio colonial português. Ela foi baseada nos ideais do Iluminismo e teve influência da Revolução Americana, que resultou na independência dos Estados Unidos.

No século 18, Minas Gerais era a capitania mais próspera do Brasil, fruto da atividade mineradora, que trouxe riqueza e desenvolvimento para a região. Mas a relação entre colonos e a Coroa não era boa: a elite econômica era contra a política fiscal imposta por Portugal.

Mas devido ao grande volume de extração, o ouro começou a entrar em decadência em Minas e a quantidade de impostos pagos Portugal estava decaindo cada vez mais. Nesse cenário, o Visconde de Barbacena assumiu como governador em 1788, com a ordem de realizar uma “derrama” – mecanismo utilizado por Portugal para realizar a cobrança obrigatória de tributos. Esse foi o estopim para a elite local antecipar os preparativos para a revolta.

Mas não deu certo. Na verdade, a conspiração nem chegou a ser iniciada, pois foi descoberta, após autoridades coloniais em Minas Gerais receberem denúncias sobre a revolta. Todos os líderes da conjuração tiveram suas penas amenizadas, menos Tiradentes, o único que não fazia parte da elite.

 


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