Ilha de Caçacueira em Cururupu é atingida com Manchas de óleo

O Maranhão está entre os estados nordestinos cujo litoral está sendo dos mais afetados pelo derramamento de petróleo cru. O ponto preto identificado pelo Ibama, no último fim de semana, na Ilha Caçacueira, na Reserva Extrativista (Resex) de Cururupu (maior reserva marinha e costeira do Brasil) no estado, agora contabiliza 12 focos no litoral maranhense. No Brasil, são 156 locais em 71 municípios com registros do petróleo.

Desde o dia 2 de setembro, o Instituto vem estabelecendo uma série de ações, juntamente com o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (DF), Marinha e Petrobras, com o objetivo de investigar as causas e responsabilidades do despejo, no meio ambiente, do petróleo cru que atingiu o litoral nordestino. A investigação da origem das manchas de óleo está sendo conduzida pela Marinha, enquanto a investigação criminal é objeto da Polícia Federal.

O vazamento de petróleo cru se espalha por todos os estados do nordeste, sendo identificado em mais de 2 mil quilômetros da costa brasileira, e de acordo com o balanço divulgado pelo Instituto, 24 animais foram atingidos pelo óleo cru no Brasil. Dez estão vivos, 15 morreram (1 ave, 13 tartarugas e um golfinho). No Maranhão, em Araioses, uma tartaruga morreu na Ilha dos Poldos, por estar coberta pelo óleo. Já em Itatinga, praia localizada em Alcântara, também foi encontrada uma tartaruga-marinha coberta do poluente, mas foi resgatada a tempo, limpa e devolvida ao mar com vida. Na capital maranhense foram encontradas manchas de óleo na praia de São Marcos.

A reserva

A Reserva Extrativista de Curupu abrange os municípios de Apicum-Açu, Bacuri, Cururupu e Serrano do Maranhão e foi criada em 2004 com área aproximada de 185.46 há (hectares). É formada por 15 ilhas, onde estão 4 mil pessoas, que sobrevivem da pesca. De acordo com dados do ICMBio, “a UC possui dentro de seus limites, a maior área de manguezais preservados dentro das unidades de uso sustentável do Brasil”.

A região onde está inserida a Resex é rota migratória para várias espécies de aves aquáticas provenientes do neártico. Com uma vegetação rica em manguezais, aluviões campestres, e formações florestais e uma fauna com diversas espécies de peixes (bonito listrado, badejo, anchova, corvina, piau, e cações), além de boto cinza, peixe-boi marinho, quelônios, crustáceos, moluscos, e aves costeiras (guará, garça branca, jaçanã), a preservação do local tem efeito global.

O peixe-boi marinho é uma das espécies ameaçadas protegidas nessa Unidade de Conservação. Outros animais (mamíferos, teleósteos pelágicos, e elasmobrânquios) também são protegidos. Por se tratar de uma área que apresenta diversidade de ambientes flúveo-marinhos caracterizada caracterizada pela alta produtividade primária, a Resex é considerada vital para a proteção da costa, manutenção da produtividade pesqueira e com inestimável valor paisagístico.

A presença da mancha de óleo no litoral nordestino foi notada no fim de agosto. A primeira localidade onde, segundo o relatório do Ibama, a contaminação foi comunicada, fica na Praia Bela, em Pitimbu (PB), onde os fragmentos de óleo foram avistados no dia 30 de agosto. A partir daí, a substância se espalhou pelos estados do Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe).