Instituto Crescer Consultoria e Machado de Assis tem R$ 28 milhões bloqueados e três pessoas presas acusadas de fraude em concursos

As empresas, Instituto Machado de Assis e Crescer Consultoria, apontadas como participantes do esquema de fraude a licitações e a concursos públicos, movimentaram pelo menos R$ 28 milhões, em cerca de 11 anos de atuação em municípios do Piauí e do Maranhão. Esse foi o valor bloqueado judicialmente a pedido do Ministério Público Estadual. Entre os presos, estão um servidor da Assembleia Legislativa, uma empresária e uma professora da Instituto Federal do Piauí (IFPI), que são apontados como líderes da organização.

Entre os municípios maranhenses que firmaram contrato com o Instituto Crescer Consultoria está o município de Cururupu, durante a gestão da atual prefeita Professora Rosinha, o concurso em Cururupu foi cancelado.

A segunda fase da operação Dom Casmurro é um desdobramento de uma investigação iniciada após denúncias de irregularidades em um concurso da Câmara Municipal de Cocal, no norte do Piauí. Ao todo, são 13 denunciados. Foram cumpridos oito mandados de prisão, inclusive contra três pessoas apontadas como líderes da organização:

Raimundo Wernes Fernandes Torres Filho – Servidor da Alepi – apontado como o líder político da organização. De acordo com a denúncia, ele era o responsável por articular junto a prefeitos e gestores públicos a realização de concursos fraudulentos.

Elmira Paulo Dias – empresária, ela cuidava da parte pedagógica da organização, recrutando professores, elaborando com questões de concursos. Também era responsável pela parte administrativa como pagamento de aluguéis e de outras despesas.

Rosimeyre Viera da Silva – professora do IFPI – cuidava da logística da aplicação das provas. Um dos alvos de mandado de prisão continua foragido.

“Era uma ação deliberada para beneficiar apadrinhados políticos e pessoas próximas à gestão. Era empresas que atuavam há mais de 10 anos, frustrando sonhos de muitos estudantes”, explicou o coordenador da Delegacia de Combate à Corrupção, Ferndinando Martins.

Ainda de acordo com as investigações, as duas empresas pertenciam ao mesmo núcleo familiar e, em alguns casos, chegavam a simular concorrência. ” Em alguns municípios elas chegavam a disputar licitações e uma perdendo por coisas simples, erros grosseiros”, destaca o delegado.

Os três líderes apontados pelas investigações também conseguiram formar um patrimônio milionário, que incluia carros de luxo, imóveis e grandes quantias que eram movimentadas em espécie. De acordo com a denúncia, eles usavam contas de familiares para ocultar o patrimônio.

O promotor José William, membro do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), explica que a operação Dom Casmurro II tem como foco as denúncias de irregularidades praticada em Cocal. Eventuais fraudes cometidas em outros municípios devem ser apuradas posteriormente pelos juízos competentes de cada área.

“Não está se investigando eventuais concursos nos outros locais. Cada cidade terá sua própria investigação. O que está sendo investigado é a organização criminosa, que atuou no Piauí e no Maranhão. A partir dessa licitação fraudada na cidade de Cocal, parte para investigar os crimes posterior de lavagem de dinheiro”, explicou o promotor.