ELEIÇÃO EM CURURUPU: vitória da democracia, um sinal eloquente de evolução da consciência coletiva

A democracia amadurece a cada eleição. A despeito de todos os desafios impostos pela pandemia, dos contratempos na divulgação dos resultados, e dos ataques cibernéticos que tentaram em vão semear dúvidas sobre a segurança do sistema eleitoral, o pleito municipal de 2020 em Cururupu chegou ao fim com a sensação de dever cumprido. Mesmo antes de serem conhecidos os resultados ainda no dia 15 de novembro, já era possível perceber que a democracia havia imperado diante dos rumores e das mentiras que se propagaram durante todo o período eleitoral no município.

“As urnas deram ainda o importante recado da busca pela moderação e rejeição de extremos”.

A começar pela alteração das datas, fruto de uma decisão ponderada e sensata, tomada a partir do diálogo e da busca de consenso entre profissionais da área da ciência e do Direito e o Congresso. Tudo para dar segurança aos públicos envolvidos, inclusive aos dos grupos de risco, que ganharam horários preferenciais. E, ao mesmo tempo, assegurar o rito sagrado da democracia – o voto –, com a vitória do novo prefeito e vereadores, mesmo que isso acarretasse o encurtamento do período de transição em função do adiamento do pleito. Ao fim, foi executado com êxito o planejamento para levar todos os equipamentos de proteção individual (EPIs) e materiais de limpeza e desinfecção a centenas de seções eleitorais espalhadas por todas as regiões do município, inclusive as Ilhas que ficam distante e a logística requer planeamento adequado.

Mesmo com o barulho da contestação inconsequente e desprovida do mínimo amparo legal, conforme decisão unânime da Justiça Eleitoral, bem como atos isolados protagonizados por uma minoria beligerante, as eleições em Cururupu se encerrou com a certeza de que os números e o resultado da votação expressaram de forma incontestável e transparente a vontade popular.

A segurança da urna eletrônica foi outra vez comprovada. O episódio do atraso da divulgação, fruto de problemas técnicos, não deixou uma mancha sequer sobre a lisura do pleito, embora a lição precise ser aprendida. Maior diversidade dos candidatos eleitos principalmente nas Câmaras, é outro legado positivo de 2020. Um dado negativo é ainda a ausência de mulheres no legislativo local, que na legislatura de 2021 por exemplo, será 100% conduzidas por homens, isso realmente precisa mudar.

Como sabemos, ainda estamos longe do ideal, mas o perfil da população cururupuense estará melhor espelhada na política municipal a partir de 2021 diante dos resultados nas urnas.

O combate à chaga das fake news, outro desafio da democracia, avançou nas eleições de 2020, com a criação de uma série de ferramentas para denunciar desinformação, disparos em massa e propagadores de mentiras. Mesmo assim, há ainda muito o que fazer para minimizar os danos causados por este mal que se configura em um atentado ao voto consciente. A grande arma é a educação, mas esta é tarefa geracional.

Outro dado negativo que podemos extrair do pleito de 2020 em Cururupu está o aumento da violência por motivação política contra candidatos e eleitores que não comungam da mesma fé partidária, principalmente nas redes sociais, onde pessoas de forma irresponsáveis e sem qualquer decoro, atacavam a honra e a moral de pessoas anônimas ou públicas, além é claro, da grande abstenção, para se ter uma ideia, dos 26.675 eleitores aptos a votar em 2020 no município, deixaram de comparecer às urnas 6.700 pessoas, compareceram às urnas um total de 19.975 eleitores, desse total, 293 (1,46%), votaram em branco, 505 (2.53%), votaram nulos, e a maioria esmagadora ou seja, 19.177 cumpriram com seu dever constitucional de eleger seus candidatos.

Mais não há dúvida, as urnas deram um importante recado da busca pela moderação e rejeição de extremos. Não deixa de ser mais um sinal eloquente de evolução da consciência coletiva do eleitor cururupuense. Todos esses avanços observados em 2020 são passos preciosos na tortuosa jornada do aperfeiçoamento da democracia, que, apesar de jovem e sujeita a acidentes históricos, demonstra perseverar na trilha do amadurecimento.

 

Escrito por Raimundo Nonato Pereira,